terça-feira, 28 de novembro de 2017

Primeira mulher com Síndrome de Down compete, inspira o concurso Miss Minnesota EUA


Mikayla Holmgren fez história neste fim de semana quando ela se tornou a primeira mulher com Síndrome de Down a competir no concurso Miss Minnesota EUA .
A estudante da Universidade de Bethel, de 22 anos, olhou para cada uma das concorrentes da competição e desfilou lindamente pelo palco, as mãos nos quadris, um maiô coral  e depois  com um vestido azul.
A multidão entrou em erupção depois que Holmgren fez sua primeira introdução: "Mikayla Holmgren, 22, Marine on St. Croix
Holmgren não levou a coroa para casa, mas  ganhou dois grandes prêmios e uma ovação de pé da multidão.
"Eu não esperava", disse Holmgren. "Eu estava chorando no palco quando eles me disseram a minha excelente nota" ,
Quando Holmgren limpou as lágrimas de seus olhos e abraçou a  Miss Minnesota 2017,  EUA, Meridith Gould.
A diretora do concurso, Denise Wallace, Heitkamp, ​​leu a carta de nomeação de Holmgren: 
"Você faz as pessoas sorrirem cada vez que você fala, torce, sorri e dança.  Você nunca quis privilégios especiais,  sempre foi tratada como todos os outros. Você exala o espírito da Miss EUA sempre sendo fiel a si mesmo, colocando os outros em primeiro lugar. Você tem altruísmo, humildade e a capacidade de superar obstáculos com um sorriso no rosto e emoção em seu coração ".
Holmgren também levou para casa o Prêmio do Diretor. "O entusiasmo de Mikayla, como você pode ver, nos motivou como funcionários e sua presença positiva tornou-se uma concorrente excepcional", disse Wallace Heitkamp.
Quanto ao vencedor geral, Kalie Wright foi coroada Miss Minnesota EUA este ano, e Peyton Schroeder foi nomeada Miss Minnesota Teen USA.
Holmgren fez manchetes na primavera passada . Seguindo os passos pioneiros de Halima Aden, que foi o primeiro concorrente da Miss Minnesota EUA a usar um  burkini na competição, os competidores de Minnesota apoiam  ardentemente a inclusão no mundo da competição.

"Ela abriu as portas e inspirou outros a experimentá-lo", disse Sandi Holmgren, mãe de Mikayla. "Eu conheci uma jovem que disse que decidiu entrar depois de ler a história de Mikayla na primavera passada. Ela estava inspirada e disse que se Mikayla fez isso, então ela também poderia".
Aden passou a assinar com os Modelos IMG, e conseguiu grandes trabalhos de modelagem, incluindo a caminhada  para Kanye West e posou para a capa da Vogue Arabia. "Eu recomendaria o concurso a qualquer pessoa por causa das oportunidades de ganhar bolsas de estudos para a escola, fazer novas amizades e melhorar suas habilidades de entrevista", disse Aden. "Além disso, é muito divertido".
Quanto o próximo desafio para Holmgren? "Eu quero fazer mais concursos, mas eu preciso de primeiro me graduar", disse ela. "Eu também gostaria de modelar ou fazer dançar".  Fonte
Simplesmente amei !! Beijos  Simone Santiago Marques 

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Dificuldades no aprendizado


Queria entender porque parece tão difícil aprender ???
Pesquisando na internet verifiquei que o desenvolvimento do sistema nervoso e sua maturação  são diferentes nas crianças Down.
O pesquisador  Wisniewski concluiu em seus estudo que até os cinco anos o cérebro das crianças com Síndrome de Down, encontra-se anatomicamente similar ao de outras crianças, apresentando apenas alterações de peso, essa alteração ocorre devido uma desaceleração do crescimento encefálico iniciado por volta dos três meses de idade.
Esta desaceleração é mais acentuadas em meninas, há algumas evidencias de que durante o último trimestre de gestação existe uma lentidão no processo da neurogênese ( Sequência de eventos que leva a formação do sistema nervoso ). Essas alterações de crescimentos e estruturação das redes neurais após o nascimento são mais evidentes e estas se acentuam com o passar do tempo.
Existem também alterações de hipocampo (estrutura localizada nos lobos temporais, considerada a principal sede da memória), e a partir do quinto mês de vida quando se inicia o processo de desaceleração do crescimento e desenvolvimento do sistema nervoso ocorre uma diminuição da população neuronal (SILVA, 2002, s.p.).Fonte
Essas alterações estruturais e funcionais do sistema nervoso, determinam algumas características como distúrbios de aprendizagem e desenvolvimento.
O processo de  aprendizagem depende de uma complexa integração dos processos neurológicos e da harmoniosa evolução de funções especificas como linguagem, percepção, esquema corporal, orientação espacial e lateralidade.
A maioria das crianças Down tem dificuldades de desenvolver estratégias espontâneas, como resolver problemas e encontrar soluções sozinhas.
Apesar dessas alterações, existe uma pesquisa sobre a importância da estimulação precoce. Ela faz totalmente a diferença !!!
Há diferenças significativas no desenvolvimento em função da educação e do ambiente a que estão submetidas essas crianças desde os primeiros anos de vida.
Feuerstein (1980), Mantoan (1997), Vygotsky (1998) e outros acreditam que o desenvolvimento cognitivo decorre da interação da criança com o ambiente. Sugerem a solicitação do meio como mediador da aprendizagem, visando a um desenvolvimento significativo. Fonte
Pesquisas mais antigas, como as de Coriat et al.(1968) já apontavam que a estimulação psicomotora influencia positivamente o desenvolvimento cognitivo da criança com SD. Os resultados evidenciavam que as crianças com SD do grupo de controle apresentaram QI médio de 62 e as crianças com SD que participaram das atividades psicomotoras apresentaram um QI médio de 82. Para os autores, o meio pode fazer a diferença.
Silva e Bolsanello (2000) investigaram crianças com SD entre quatro meses e quatro anos de idade, que participavam de atividades de estimulação, procurando avaliar as construções cognitivas no período sensório motor. Eles destacam um atraso de um ano a um ano e meio nas crianças, mesmo em estimulação.
As conclusões destacam que uma estimulação bem estruturada pode promover o desenvolvimento da criança com SD, minimizando suas dificuldades.
É importante lembrar que condições ambientais e familiares estão relacionadas com o desenvolvimento global do indivíduo e as interações vivenciadas podem promover a capacidade de interações do sistema nervoso em funções das experiências e das demandas ambientais (FERRARI et al, 2001). Isso pode ser verificado no estudo que relaciona motivação e competência em crianças com SD em idade escolar. Esse estudo verificou uma alta competência das crianças em resolver problemas cotidianos quando o ambiente familiar e escolar se mostrava acolhedor e promovia estimulação adequada das funções cognitivas (NICCOLS; ATKINSON; PEPLER, 2003).
Considerando a importante influência do meio, poderíamos citar Kaufman e Burden (2004), que avaliaram o efeito da mediação por meio do Programa de Enriquecimento Instrumental de Feuerstein, aplicado a 18 jovens com complexas dificuldades de aprendizagem, entre eles seis com SD. Os resultados mostram que, após um ano, os participantes foram muito além da média, mostrando autoconsciência nas mudanças de seu comportamento. Destacam que a efetiva mediação pode provocar melhor nível de desenvolvimento cognitivo, emocional e social.
Bissoto (2005) defende que a ação educacional ou terapêutica adotada com os indivíduos com SD deve levar em consideração que existem necessidades educacionais próprias, que devem ser consideradas e respeitadas, para que se possa trabalhar adequadamente, estimulando e desenvolvendo o indivíduo com a Síndrome e que os profissionais relacionados possam compreender que existem processos de desenvolvimento particulares de cada indivíduo.
Todos têm habilidades e dificuldades, apenas precisamos conhecê-las e aprender a lidar com elas. Fonte
Beijos  Simone Santiago Marques

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

O dom de ser capaz e as pessoas com deficiência intelectual por Eugênia Augusta Gonzaga


Estou retornando do VIII Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down, que aconteceu em Maceió/AL, entre os dias 26 e 28 de outubro. O tema da vez foi a capacidade das pessoas com Síndrome de Down.
Em termos leigos, capacidade significa possibilidade, competência, aptidão... Entre os mais de cem palestrantes e dois mil e quinhentos participantes, ao menos vinte palestrantes do Congresso possuem a síndrome e mais uns quinhentos entre os participantes também são crianças e adultos com essa alteração genética.
Apesar de sua patente vulnerabilidade e de apresentarem dificuldades em muitos aspectos, demonstraram também imensa capacidade em vários campos: vivacidade, compreensão, verbalização, compleição física, criatividade artística, aprendizagem, trabalho etc. Realizaram inúmeras atividades que, infelizmente, ainda acontecem apenas em ambientes específicos e longe dos olhos da maioria das pessoas.
Em termos jurídicos, a palavra capacidade tem um significado diferente. Nesta seara, a capacidade pode ser de direito e de fato. A capacidade de direito é reconhecida a todo ser humano. Significa que qualquer pessoa é titular de direitos como a vida, a integridade física, a propriedade, a posse e outros, mas nem todas as pessoas possuem direito à capacidade de fato. Esta, por sua vez, no campo jurídico, significa a possibilidade de exercer pessoalmente atos da vida civil, tais como comprar, vender, assinar documentos, votar e ser votado, entre outros.
Em regra, todo ser humano, ao atingir a maioridade, torna-se capaz civilmente, com exceção dos ainda chamados de “incapazes” por muitos juristas. A estes a lei nega a capacidade civil, mas, em compensação, lhes garante alguns apoios e medidas de proteção. As pessoas com deficiência intelectual sempre estiveram arroladas entre os “incapazes civilmente”.
Então, para os jovens com Síndrome de Down, que superaram suas naturais limitações e as muitas barreiras que a sociedade lhes impõe, e suas famílias era (e ainda é, em muitos casos) como “morrer na praia”.  Mas a nossa célebre comunidade jurídica parece nunca ter visto qualquer problema nisso. Ninguém discorda do absurdo que sempre foi as mulheres casadas terem sido taxadas como relativamente incapazes até meados do Século XX, mas essa consciência ainda está longe de ser alcançada em relação às pessoas com deficiência intelectual.
Ainda assim, em 2006, tivemos a aprovação da Convenção da ONU sobre os direitos de pessoas com deficiência e ela foi expressa, acolhendo uma luta de décadas, ao reconhecer o direito de todas as pessoas com deficiência, inclusive mental e intelectual, à capacidade civil.
Isto não significa que elas devam ser deixadas sozinhas no mundo, abandonadas por seus pais em nome de uma suposta dignidade-liberdade. Significa que lhes foi reconhecido o direito moral de terem suas escolhas e preferências consideradas, de poderem tomar decisões quanto à própria vida.
Como diz o compositor Almir Sater, na sua popular música: “cada um de nós compõe a sua própria história e cada ser carrega em si o dom de ser capaz e ser feliz”. As pessoas com deficiência intelectual também anseiam por isso, mas não ao custo de perder os apoios de que necessitam em razão de sua vulnerabilidade e, obviamente, esse dilema nem deveria existir, pois significa frustrar um dos principais direitos humanos previstos na Convenção.
Veio a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), em 2015, e repetiu que  o direito à capacidade civil está garantido, mas não alterou o restante da legislação brasileira que reconhece apenas para pessoas “incapazes”, o direito a apoios e medidas de proteção.
A classe jurídica, composta em sua maioria de profissionais que nunca sequer viram adultos com Síndrome de Down, passou a dizer candidamente: se agora são capazes civilmente não mais fazem jus a benefícios legais. Juristas mais “sensíveis” permanecem adotando a interdição e fazendo de conta que não há uma LBI em vigor para não cortarem benefícios que reconhecem apenas para “incapazes”.
Com isto, estão demonstrando a sua incapacidade em reconhecer essa população como sujeitos de direitos, pois o exercício de direitos, dentro do que lhes for possível, o direito de escolha, também deve ser inerente a todo ser humano adulto. Bastaria simplesmente procederem a uma interpretação progressiva da legislação para que, onde se tem a exigência de incapacidade para o trabalho para fins de recebimento de pensão, por exemplo, ler-se incapacidade de sustento.
Assim, nenhum adulto teria que perder o direito humano ao reconhecimento da capacidade civil para obter o apoio de que efetivamente necessita e a que sempre fez jus. Afinal, a Convenção da ONU também determinou que nenhum de seus dispositivos poderia ser interpretado no sentido de se afastar direitos já garantidos historicamente a pessoas com deficiência.
Todo esse descompasso foi exaustivamente debatido no VIII Congresso e a decisão que vi por parte de muitas famílias foi a de que, enquanto essa questão não estiver suficientemente regulada no ordenamento jurídico brasileiro, continuarão buscando a interdição para seus filhos, por mais capazes que sejam, em todos os sentidos. Ou seja,  continuarão “morrendo na praia” para que seus filhos não fiquem desprotegidos quando vierem a faltar de verdade.
E o dom de ser capaz das pessoas com deficiência intelectual continuará sufocado e praticamente inatingível, graças à nossa classe jurídica, incapaz de dar ao tema o tratamento que ele merece.fonte
Eugênia Augusta Gonzaga - Procuradora Regional da República com atuação em direitos humanos, especialista em direitos de pessoas com deficiência,  presidente da Comissao Especial sobre Mortos e Desaparecidos Politicos e escreve semanalmente no GGN.
É importante estarmos sempre informados sobre os acontecimentos. quem quiser saber sobre o que significa a interdição , leia esse post - http://rotinadown.com/interdicao-parcial-imprescindivel-para-o-futuro-dos-nossos-filhos/
Beijos    Simone Santiago Marques