quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Características e estratégias para estimular o desenvolvimento em sala de aula


Apesar do comprometimento intelectual e da tendência de permanecer por mais tempo no estágio silábico, muitas crianças com síndrome de Down conseguem se alfabetizar.
Para tanto, o planejamento das atividades não deve ser feito em função das limitações delas, mas sim com a intenção de explorar habilidades de todas. Consequentemente, a escola precisa:
– Ter uma proposta pedagógica que contemple o planejamento didático-metodológico, com currículo adaptado e recursos diferenciados;
– Implementar ações de parceria com profissionais e serviços de Atendimento Educacional Especializado (AEE);
– Investir na formação dos professores.
A partir daí, considerando que alterações de fala e linguagem oral, comprometimento na memória de curto prazo e nas habilidades motoras finas, dificuldade de organização e sequenciamento de informações trazem, como consequências, um atraso na aquisição da linguagem escrita e leitura, cabe a cada professor:
– Inserir uma rotina em sala de aula (entre outras opções, o ideal é um fazer um quadro de horários, somente para explicar à criança portadora da síndrome a sequência dos acontecimentos, sempre lhe dando o tempo necessário para que assimile e mantenha o combinado);
– Selecionar os objetivos que pretende alcançar, dividindo-os em pequenos passos;
– Verificar os conteúdos e habilidades já adquiridos na pré-escola;
– Certificar-se de que habilidades, como independência e cooperação com colegas, possam ser desenvolvidas;
–  Usar material familiar e significativo (de preferência, abusando sempre do concreto);
–  Implantar repetições e reforços adicionais (o mesmo conteúdo deve ser trabalhado em diferentes contextos e as informações sempre repetidas);
– Escolher o nível de apoio apropriado (cuidador, colega, estagiário etc.);
–  Utilizar abordagem multissensorial (explorando todas as vias de entrada: ver, copiar, fazer, sentir etc.);
–  Falar de uma forma simples e familiar, usando palavras já conhecidas;
–  Assegurar-se de que os significados ou tarefas foram entendidos pela criança;
–  Empregar recursos adaptados como lápis e linhas mais grossas, papéis quadriculados etc.;
–  Pedir à criança, caso seja alfabetizada, grifar a resposta correta para localizá-la mais facilmente (se ainda não alfabetizada, a sugestão é que solicite apenas que complete os espaços com frases curtas em vez de escrever todo conteúdo);
–  Trabalhar com colagem de letras ou palavras prontas para que o portador da condição sequencialize as ideias;
–  Utilizar jogos de computador para que a criança reconheça palavras e as arraste com o mouse;
–  Incentivar o discente a escrever sobre temas de seu interesse e conhecimento;
–  Explicar que nos momentos de copiar da lousa o mais importante é selecionar o conteúdo;
–  Estimular a participação da criança nas diversas atividades desenvolvidas;
–  Apresentar as regras e cobrar padrões adequados de comportamento dos demais alunos da turma.
A linguagem tida como a capacidade humana para compreender e usar um sistema complexo e dinâmico de símbolos convencionados, a linguagem representa um dos aspectos mais importantes a ser desenvolvido por qualquer criança, inclusive as com síndrome de Down que, por sua vez, ainda apresentam:
–  Atraso para começar a falar ou ausência da fala;
– Vocabulário restrito (com poucas palavras);
– Trocas, omissões ou distorção na articulação das palavras;
– Pausas no discurso ou repetição de sons;
– Produção de frases curtas com estruturação sintática simples;
– Dificuldade de compreensão.
Consequentemente para estimular a linguagem entre elas, é necessário:
– Incentivar o uso da expressão oral;
– Evitar atender solicitações gestuais;
– Escutar calma e cuidadosamente o aluno;
– Fazer contato visual (ao conversar, o ideal é olhar nos olhos do aluno, abaixando-se para ficar da mesma altura dele);
–  Verificar o grau de compreensão do discente;
– Evitar completar frases até que a criança conclua seu raciocínio, dando-lhe o tempo que for necessário para tanto;
– Usar linguagem simples e familiar, além de frases curtas e claras, quando conversar com portadores da condição;
Orientar os pais no sentido de:
a) aproveitar os momentos da rotina (como escovar os dentes, tomar banho, almoçar etc.) para ensinar ao filho novas palavras, preferencialmente, usando material concreto para estabelecer uma associação entre ele e seu respectivo nome.
b) procurar tratamentos e terapias, em especial à estimulação precoce com fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo que contribuem significativamente para o desenvolvimento motor, cognitivo e linguístico dos indivíduos, ao proporcionar a eles uma melhor qualidade de vida e desempenho social.
Marília Piazzi Seno
Fonoaudióloga e psicopedagoga, além de atuar na Secretaria Municipal da Educação de Marília, cidade do estado de São Paulo, ela também presta consultoria e assessoria escolar .Para contatá-la, envie um e-mail para: mariliaseno@hotmail.com.  Fonte
Beijos  Simone Santiago Marques

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Equoterapia auxilia na recuperação de problemas físicos e psicológicos


Extremamente sensível ao movimento, o cavalo é um animal dotado de uma capacidade de afeto muito especial e é utilizado na terapia animal para regenerar a saúde de crianças e adultos que passam por problemas físicos e neurológicos. A equoterapia, método multidisciplinar que abrange as áreas da saúde, educação e equitação, pode alcançar resultados muito expressivos no tratamento.
O método não é novo. A riqueza terapêutica dos cavalos foi descoberta na Grécia antiga, mas somente em 1989 foi reconhecida no Brasil por meio da Associação Nacional de Equoterapia (Ande-Brasil), que busca estimular e apoiar a implantação de centros da terapia.
De acordo com Zan Mustacchi, professor e doutor do Centro de Estudos e Pesquisas Clínicas de São Paulo, o modelo de relação entre a ciência e a terapia animal tem origem em um vínculo de interação que reporta aos princípios da evolução humana. “Hoje, com os princípios do domínio da biomecânica animal, é possível caracterizar a importância e a necessidade de vincular e estabelecer alguns movimentos, beneficiando e acelerando o processo de maturação neuronal dos pacientes”, diz.
O benefício é bilateral: os animais se sentem úteis, e os pacientes parecem ter uma vontade maior para se recuperar. Além do auxílio nas limitações físicas da patologia, a equoterapia promove melhorias em quadros depressivos e transtornos de humor.
Hoje, o Brasil tem cerca de 280 centros de equoterapia, de acordo com a Ande. Nos últimos anos, o método vem ganhando destaque e, com isso, cresce a utilização de atividades equestres como auxílio terapêutico. Fundadora da Associação de Equoterapia Educacional Texas Ranch, Elizabeth Monteiro Melani ressalta que “apesar da ascensão, poucos têm o comprometimento. É preciso estrutura e equipe capacitada. Muitos estão visando o dinheiro, não o tratamento”.
Ela explica como é o processo antes de iniciar a terapia em sua ONG. “Primeiro a criança passa por uma avaliação completa, com fisioterapeuta, psicopedagoga e psicóloga. Pega todo o histórico da criança, da gestação até chegar ao centro.
Depois, já sai de lá com a ficha para levar ao seu médico e ele vai dar a autorização ou não”. Mesmo que o médico indique a equoterapia para o paciente, primeiro ele deve passar pela avaliação, e a equipe é soberana para decidir pelo tratamento. A Texas Ranch conta com três fisioterapeutas, uma psicopedagoga, uma psicóloga, instrutor de equitação e fonoaudióloga que atende esporadicamente.
Para cada patologia existe o cavalo e a série de exercícios adequada. Na Texas Ranch, as sessões normalmente duram trinta minutos, uma vez por semana. A primeira etapa é a interação com o animal. “A criança vai se aproximar, escovar, acariciar, alimentar e isso vai criar um trabalho psíquico”, afirma Elizabeth. “Primeiro, ela vai ver o cavalo de baixo para cima, então, quando ela montar vai ser uma superação muito grande.
É um estímulo fantástico quando eles se enxergam naquela coisa que era assustadora. Aí já começa a ter ganhos”. Segundo ela, em uma sessão, o cavalo tem cerca de 180 oscilações, o que mexe com diversos músculos do praticante. “Tem crianças que saem dormindo de tanto estímulo que receberam”.
Maria Valentina, praticante da equoterapia no Projeto Caminhar, em São Paulo, teve o quadro de saúde alterado após começar o tratamento. Tina, como é carinhosamente chamada pela mãe, Patricia Casanova, nasceu de 25 semanas, o equivalente a cinco meses e meio de gestação. Tinha 710 gramas, o que gerou complicações de saúde. Entre os problemas do nascimento prematuro, está a hemorragia cerebral de grau 1, que mesmo completamente absorvida, ocasionou sequela motora em Tina.
Hoje, com três anos e quatro meses, Valentina passa por tratamento global, mas a equoterapia tem sido essencial para o equilíbrio, postura e marcha da criança. “A grande evolução de Tina se deu quando ela começou a andar de maneira confiante, por volta de dois anos de idade.
A equoterapia, juntamente com a bota ortopédica, permitiu que o andar equino (na ponta dos pés) fosse suavizado, fazendo com que ela conseguisse colocar os pés totalmente no chão, propiciando o equilíbrio”, afirma a mãe.
A Texas Ranch é certificada pela Ande-Brasil. A associação atende de segunda a quinta-feira pacientes do convênio que possui com a prefeitura de Itapecerica da Serra. Crianças bolsistas e apadrinhadas por empresas são atendidas nos outros horários.
No Projeto Caminhar, o atendimento funciona às segundas-feiras, das 8h ás 17h. Informações podem ser obtidas pelo e-mail: lianaequoterapia@gmail.com  fonte
Beijos  Simone Santiago Marques